Grandes
problemas costumam inspirar soluções muito simples. E erradas. A pretexto de
combater o racismo na política, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu impor aos
partidos a divisão proporcional das verbas do fundo eleitoral entre
candidatos negros e brancos. Coisa para 2022.
O
feitiço tem tudo para acabar enfeitiçado, pois a novidade chega marcada por duas
urucubacas: 1) Cabe aos parlamentares, não aos ministros do TSE, tomar esse tipo
de decisão; 2) A bondade dos magistrados vira fantasia quando
confrontada com a realidade dos partidos políticos —organizações oligárquicas
operadas com uma lógica
cartorial.
Entre
o fantasioso e o real, o conceito de "bom" ganha múltiplos significados. Para o
TSE, bom é impedir que os partidos prejudiquem os negros no rateio do tempo de
propaganda e do orçamento eleitoral. Para os oligarcas que mandam na política,
bom mesmo será encontrar negros que topem lançar candidaturas de fancaria,
fraudando as boas intenções do
TSE.
Os
partidos já dispõem de experiência na matéria. Adquiriram-na administrando a
cota feminina. Obrigadas a reservar 30% de suas candidaturas às mulheres, várias
legendas lançaram candidatas de mentirinha para que os donos das agremiações
utilizassem a verba pública do fundo eleitoral como bem entendessem.
A
fuzarca virou caso de polícia. Há na Esplanada um ministro enrolado num
escândalo de candidaturas laranjas em Minas Gerais: Marcelo Álvaro Antônio, do
Turismo. O PSL, partido do ministro, foi a logomarca que mais ficou exposta nas
manchetes. Mas a esculhambação é
pluripartidária.
Na
prática, a suposta proteção do TSE aos candidatos negros começa a ser vista como
um convite à fraude. Mais uma.
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