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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Esquartejamento de Ciro pode custar caro a Lula


Lula não frita, esquarteja Ciro Gomes. Ensanguentado, Ciro tornou-se um personagem novo na sucessão. Até aqui, atirava contra o próprio pé. Agora, dispõe de um alvo novo: Lula. A morte de Ciro ainda não é fava contada. Na pior hipótese, tombará atirando. Na melhor, entrará na briga pela simpatia dos 51% de eleitores que informaram ao Datafolha que não votariam num poste de Lula.
Na noite desta quarta-feira, horas depois de saber que Lula passara na lâmina o PSB, último pedaço do seu projeto de coligação, Ciro reagiu com método. Em entrevista à Globonews, lembrou que conhece o esquartejador de perto: “Apoiei o Lula todos os dias, sem faltar nenhum, ao longo de 16 anos.” Colocou-se na posição de credor: “Ouvi dele, chorando, que devia muito a mim.”
Emboscado pelo PT, refugado pelo PCdoB e abandonado pelo centrão, restou a Ciro apostar suas fichas no PSB. Ofereceu o posto de vice ao ex-prefeito socialista de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. A coisa parecia caminhar bem. Súbito, o candidato a poste Fernando Haddad, outro suposto amigo de Ciro no PT, visitou Lula na cela especial de Curitiba. Saiu de lá, na tarde de terça-feira, com as orientações finais para o aleitamento da negociação do PT com o PSB.
Ao isolar Ciro, Lula potencializa suas chances de levar ao segundo turno o poste que lançará depois do provável veto da Justiça Eleitoral à sua candidatura cenográfica. De acordo com os planos traçados na cela de Curitiba, uma vez inviabilizada a candidatura de Lula, o segundo turno dos sonhos do PT seria a reedição do velho Fla-Flu entre tucanos e petistas. De um lado, Alckmin. Do outro, o poste.
Na hipótese mais pessimista, imaginam Lula e seus operadores, o PT mediria forças no segundo round com Jair Bolsonaro. E todos, do tucanato a Ciro Gomes, cairiam no colo do ''poste'' por gravidade, sob o argumento de que seria necessário ''evitar o pior.'' Numa eleição tão imprevisível, tudo pode acontecer. Inclusive nada do que foi planejado por Lula. Por ora, a única certeza disponível é a de que Ciro Gomes, alcançado pelo tiro do presidiário petista, levará a faca aos lábios.
A vitória de Ciro não é provável. Mas está claro que o esquartejamento de sua coligação pode custar caro a Lula. Empurrado para as margens de uma espécie de Rubicão imaginário, Ciro não é o tipo de personagem que vai ao rio para pescar. O esquartejamento de sua candidatura pode custar caro a Lula. (Josias de Souza)

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