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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Dois pesos e duas medidas: Supremo tosta Cunha e deixa Renan longe da chapa


De todos os investigados da Lava Jato com foro privilegiado, Eduardo Cunha é o mais encrencado. Foi o primeiro a virar réu no STF. Em decisão unânime, os ministros do Supremo suspenderam-no do exercício do mandato e da presidência da Câmara. Nesta quarta-feira, Cunha desceu ao banco dos réus pela segunda vez. O rigor é justificável. As traficâncias do personagem são tão evidentes que só um cego olharia duas vezes. O que não se compreende é a letargia do Supremo em relação a outros acusados, sobretudo Renan Calheiros.
A Lava Jato começou a operar há dois anos e três meses. A operação rendeu a Renan, por ora, nove inquéritos. Mas a Procuradoria da República ainda não converteu nenhum deles em denúncia. O que intriga é a incapacidade do STF de julgar um processo sobre Renan que é anterior ao escândalo da Petrobras.
Trata-se daquela denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusou o presidente do Senado de usar dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão a uma filha que teve fora do casamento. Neste caso, a denúncia contra Renan aguarda por um julgamento há 3 anos, 4 meses, 3 semanas e 2 dias.
Repetindo: decorridos 1.244 dias do oferecimento da denúncia contra Renan, o STF ainda não conseguiu informar à sociedade brasileira se o Senado é presidido por um personagem digno de virar réu. Enquanto Eduardo Cunha está tostado, Renan é mantido longe da chapa quente do Supremo. É um acinte. A Justiça é cega, mas pelo visto não perdeu o olfato. (Josias de Souza)

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