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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Bolsonaro soa como se planejasse proclamar a independência do Bolsonaristão

O governo ganhou a aparência de um bunker. Nele, abrigam-se Bolsonaro, seus filhos, o centrão e generais de pijama que se dispõem a fazer qualquer coisa para proteger o capitão. No bunker também fica uma fábula que Bolsonaro chama de "meu Exército.

Cada pronunciamento de um presidente que se equipa para o feriado de 7 de Setembro como se marchasse para uma zona de guerra ganha a aparência de um tiro de fuzil que atinge o interesse nacional.

Bolsonaro comporta-se como se estivesse em conflito permanente com o país que ele deveria presidir. É como se planejasse proclamar na próxima terça-feira que o Bolsonaristão tornou-se um país independente do Brasil.

No curtíssimo intervalo de cinco dias, Bolsonaro defendeu duas vezes a tese segundo a qual as pessoas precisam se armar. Nesta quarta-feira, o avião presidencial foi retirado do hangar para transportar o presidente até o Rio de Janeiro.

O capitão foi participar de evento organizado pela Marinha para homenagear atletas militares que conquistaram medalhas nas Olimpíadas de Tóquio. Discursou. A ocasião era festiva. Mas Bolsonaro injetou no seu pronunciamento um raciocínio de caserna.

"Com flores não se ganha a guerra", declarou. "Se você fala de armamento... Se você quer paz, se prepare para a guerra.

Na última sexta-feira, Bolsonaro havia chamado de "idiota" quem prefere o feijão aos fuzis. "Tem que todo mundo comprar fuzil, pô", afirmou aos devotos que o aguardavam no cercadinho do Alvorada. "Povo armado jamais será escravizado. Tem idiota que diz: 'Ah, tem que comprar feijão.' Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar."

O timbre bélico do presidente soa nos dias que antecedem os protestos que ele mesmo convocou para o feriado do Dia da Independência. Bolsonaro parece preparar o Bolsonaristão para o pior.

O procurador-geral da República levando na flauta, o centrão montado na gaita, Paulo Guedes desafinando na caixa... Bolsonaro está na regência. E os fundamentalistas do Bolsonaristão dançam conforme a música. Um chorinho bem brasileiro. Ou bolsonarão.

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