Cada pronunciamento de um presidente que se equipa para o feriado de 7 de Setembro como se marchasse para uma zona de guerra ganha a aparência de um tiro de fuzil que atinge o interesse nacional.
Bolsonaro comporta-se como se
estivesse em conflito permanente com o país que ele deveria presidir. É como se
planejasse proclamar na próxima terça-feira que o Bolsonaristão tornou-se um
país independente do Brasil.
No curtíssimo intervalo de
cinco dias, Bolsonaro defendeu duas vezes a tese segundo a qual as pessoas
precisam se armar. Nesta quarta-feira, o avião presidencial foi retirado do
hangar para transportar o presidente até o Rio de Janeiro.
O capitão foi participar de
evento organizado pela Marinha para homenagear atletas militares que
conquistaram medalhas nas Olimpíadas de Tóquio. Discursou. A ocasião era
festiva. Mas Bolsonaro injetou no seu pronunciamento um raciocínio de caserna.
"Com flores não se ganha
a guerra", declarou. "Se você fala de armamento... Se você quer paz,
se prepare para a guerra.
Na última sexta-feira,
Bolsonaro havia chamado de "idiota" quem prefere o feijão aos fuzis.
"Tem que todo mundo comprar fuzil, pô", afirmou aos devotos que o
aguardavam no cercadinho do Alvorada. "Povo armado jamais será
escravizado. Tem idiota que diz: 'Ah, tem que comprar feijão.' Cara, se não
quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar."
O timbre bélico do presidente
soa nos dias que antecedem os protestos que ele mesmo convocou para o feriado
do Dia da Independência. Bolsonaro parece preparar o Bolsonaristão para o pior.
O procurador-geral da
República levando na flauta, o centrão montado na gaita, Paulo Guedes
desafinando na caixa... Bolsonaro está na regência. E os fundamentalistas do
Bolsonaristão dançam conforme a música. Um chorinho bem brasileiro. Ou
bolsonarão.
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