Empenhado em submeter as instituições às suas conveniências, Bolsonaro transformou o processo de escolha de ministros do Supremo Tribunal Federal numa anomalia.
Ao retardar a análise da indicação do ex-advogado-geral da União André Mendonça para a vaga do ministro aposentado Marco Aurélio Mello, o Senado converte a anormalidade em escândalo. O indicado de Bolsonaro é o ministro "terrivelmente evangélico" que o Capitão tanto já repetiu.
Presidente da
Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre retarda há dois
meses o agendamento da sabatina de Mendonça. Nos refletores, disse que é por
causa dos ataques de Bolsaro ao Supremo. No escurinho, mencionam-se motivos menos
nobres.
Alcolumbre distanciou-se
do governo depois que perdeu o poder do rateio de pedaços do orçamento da
União. Afastou-se mais ainda, depois que perdeu para Ciro Nogueira a disputa
pela Casa Civil da Presidência da República.
O distanciamento de
Alcolumbre se consolidou mais ainda, porque muitos dos políticos queriam que
fosse indicado para o Supremo, Augusto Aras, este sim de estimação dos
políticos que são avessos a Lava-Jato.
São muitos os processos
judiciais e as investigações que encostam em Bolsonaro, na sua família e nos
seus aliados. Confirmando-se a nomeação, Mendonça integrará a Segunda Turma do
Supremo, cemitério dos processos da Lava Jato e outras encrencas criminais.
Tramita nesta turma, por exemplo, recurso do primogênito Flávio Bolsonaro para
assegurar foro privilegiado no caso da rachadinha.
Na seleção de
Nunes Marques, prevaleceu o pressuposto de que o indicado tinha serviços a
prestar ao presidente no Supremo. E Bolsonaro não tem do que se queixar. Na
escolha de Mendonça, a lealdade do substituto foi previamente aferida por
serviços já prestados ao presidente. Mendonça se esmerou para exibir utilidade
prévia. Mas como ele agirá lá, só Mendonça de Barros sabe.
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