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sexta-feira, 14 de maio de 2021

Flávio x Renan é como uma briga entre gambás


Trava-se ao redor da CPI uma espécie de gincana entre sujos e mal lavados. Uma competição na qual a decência é um valor secundário. Antes de derramar baldes de lama sobre Renan, Bolsonaro articulou uma aproximação com o dono do enredo a ser contado no relatório final da investigação sobre a pandemia.

Primeiro, o presidente da República telefonou para Renan Filho, governador de Alagoas. Manifestou o desejo de conversar com o pai do interlocutor. Foi "uma ligação amistosa", contou Renanzinho dias atrás. Bolsonaro fez pose de amigo. "Ele disse até assim: 'olha, Renan, estou com saudade daquelas nossas peladas do futebol'."

Na sequência, Bolsonaro visitou em Brasília a mansão de José Sarney, o xamã da tribo do MDB. Novamente, queria estabelecer uma ponte que o levasse aos ouvidos de Renan. Não funcionou. O presidente faria um bem a si mesmo se explicasse à plateia o que desejava obter com esse estreitamento da inimizade com um "vagabundo".

O depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten foi o mais tenso já realizado pela CPI da Covid. Por muito pouco a sessão não evoluiu para a troca de socos. Relator da comissão, Renan Calheiros sugeriu a detenção do depoente por mentir à CPI. Embora dispusesse de poderes para dar ordem de prisão, o presidente do colegiado, Omar Aziz, disse que não assumiria o papel de "carcereiro". A sobriedade de Aziz fez bem à Comissão Parlamentar de Inquérito.

No mais, resta lamentar a baixa qualidade do espetáculo. No auge da confusão, Flávio Bolsonaro chamou Renan Calheiros de "vagabundo". O relator da CPI devolveu a ofensa, acusando o primogênito do presidente de "roubar dinheiro do pessoal do seu gabinete." A plateia tem dificuldade para distinguir quem é quem. É mais ou menos como uma confusão entre dois gambás. Nesse tipo de briga, mesmo o vencedor sai cheirando mal.

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