Trava-se ao redor da CPI uma espécie de gincana entre sujos e mal lavados. Uma competição na qual a decência é um valor secundário. Antes de derramar baldes de lama sobre Renan, Bolsonaro articulou uma aproximação com o dono do enredo a ser contado no relatório final da investigação sobre a pandemia.
Primeiro, o presidente da República
telefonou para Renan Filho, governador de Alagoas. Manifestou o desejo de
conversar com o pai do interlocutor. Foi "uma ligação amistosa",
contou Renanzinho dias atrás. Bolsonaro fez pose de amigo. "Ele disse até
assim: 'olha, Renan, estou com saudade daquelas nossas peladas do futebol'."
Na sequência, Bolsonaro visitou em Brasília
a mansão de José Sarney, o xamã da tribo do MDB. Novamente, queria estabelecer
uma ponte que o levasse aos ouvidos de Renan. Não funcionou. O presidente faria
um bem a si mesmo se explicasse à plateia o que desejava obter com esse
estreitamento da inimizade com um "vagabundo".
O depoimento do ex-secretário de
Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten foi o mais tenso já realizado pela
CPI da Covid. Por muito pouco a sessão não evoluiu para a troca de socos.
Relator da comissão, Renan Calheiros sugeriu a detenção do depoente por mentir
à CPI. Embora dispusesse de poderes para dar ordem de prisão, o presidente do
colegiado, Omar Aziz, disse que não assumiria o papel de
"carcereiro". A sobriedade de Aziz fez bem à Comissão Parlamentar de
Inquérito.
No mais, resta lamentar a baixa qualidade
do espetáculo. No auge da confusão, Flávio Bolsonaro chamou Renan Calheiros de
"vagabundo". O relator da CPI devolveu a ofensa, acusando o
primogênito do presidente de "roubar dinheiro do pessoal do seu
gabinete." A plateia tem dificuldade para distinguir quem é quem. É mais
ou menos como uma confusão entre dois gambás. Nesse tipo de briga, mesmo o
vencedor sai cheirando mal.
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