O Datafolha traduziu em números a superpolarização em que está metida a política brasileira. Ressuscitado pelo Supremo, Lula prevaleceria com folgas sobre o rival Bolsonaro se o brasileiro tivesse que ir às urnas hoje. No primeiro turno, o placar seria de 41% a 23%. No segundo, 55% a 32%. Além de acentuar o peso dos extremos, a pesquisa escancara a debilidade da chamada "terceira via". Fala-se muito no centro. Falta informar como se chega ao centro.
Abaixo
de Lula e Bolsonaro há um bololô de presidenciáveis ou pretensos candidatos.
Alguns desses personagens, embora já jurados de morte pela conjuntura, percorrem
os bastidores como se estivessem cheios de vida. stão colados nos fundões do
palco Sergio Moro (7%), Ciro Gomes (6%), Luciano Huck (4%) e João Doria (3%)
que, mesmo brandindo a CoronaVac, só não é o lanterninha porque abaixo dele
estão Henrique Mandetta e João Amoêdo, empatados em 2%.
Está
entendido que o negacionismo da pandemia cobra a conta de Bolsonaro. Por
contraste, Lula retorna ao palco como se nada tivesse sido descoberto sobre
ele. Quem busca uma alternativa qualquer à dupla está em apuros. O eleitor vai
à urna mais ou menos como quem entra numa loja de roupas. Não se pode escolher
senão entre as peças que estão expostas no cabide.
Se
o Datafolha serviu para alguma coisa foi para realçar o seguinte: Unido, o
centro talvez se credencie para desafiar a polarização. Separados, os
candidatos alternativos chegarão a 2022 entoando Noel Rosa: "Com que roupa
eu vou..." Nessa hipótese, o eleitor será convidado para um samba no qual terá
de optar entre Bolsonaro, um candidato sem futuro, e Lula, um oponente com um
enorme passado pela frente.
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