Um policial militar do Ceará forjou uma doença para atrair dois carros de polícia a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), e eles serem levados por homens encapuzados durante o motim do início do ano passado. A informação consta de denúncia da Promotoria de Justiça Militar, do Ministério Público do Ceará (MPCE), no último dia 22 de janeiro.
A Controladoria Geral
de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD)
instaurou imediatamente procedimento administrativo disciplinar em desfavor de
policial militar por participação no motim de 2020, tão logo recebeu o
compartilhamento da denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) apresentada
à Justiça contra o PM.
O motim de parte da
Polícia Militar ocorreu entre os dias 18 de fevereiro e 2 de março em diversos
municípios cearenses. Durante o período, o número de assassinatos no estado disparou.
Militares envolvidos estão sendo investigados ou já foram denunciados pelo MPCE
à Justiça estadual.
A denúncia foi
apresentada contra o cabo da PM Alexandre Gonçalves Moreira e outros cinco
militares pelo promotor Sebastião Brasilino. Conforme o documento, o suspeito
arquitetou uma "trama ardilosa" para
gerar uma situação em que os carros de polícia pudessem ser arrebatados.
'Dor na lombar'
O crime militar teria
ocorrido em 19 de fevereiro de 2020. Segundo as investigações, consta no livro
de alterações que o cabo Gonçalves estava se sentindo mal e foi levado à UPA do
Bairro Sapiranga, periferia de Fortaleza. Ele apresentou atestado de
saúde de sete dias em razão de uma "dor na lombar".
Contudo, ele foi identificado no dia seguinte como um dos policiais
amotinados em um batalhão da PM, enquanto estava afastado por causa
do atestado médico. A Assessoria de Inteligência (Asint) da Corporação teve
acesso a imagens em que ele aparece participando do movimento no 18º batalhão,
epicentro da paralisação no Ceará.
Conforme a denúncia,
o cabo "forjou toda essa situação de 'dor na lombar' para atrair a viatura
policial para o local em que ela seria arrebatada, considerando que, desde o
início dos fatos, ele é um notável integrante do movimento criminoso de motim".
Carros foram
danificados
Os carros de polícia
levados pelos homens encapuzados - cuja ação teria sido facilitada pelo cabo e
sua equipe - foram danificados na lataria, no porta-malas,
no para-choque, na porta dianteira e no farol.
O cabo Gonçalves é
considerado como cabeça pelo MPCE por ter provocado e dirigido a ação
criminosa. Ele foi denunciado por omissão da lealdade militar,
atentado contra viatura e inobservância da lei, regulamento ou instrução.
A promotoria pediu ainda que ele e sua equipe sejam suspensos das funções
públicas e proibidos de frequentar quartéis militares.
Nessa quarta-feira
(27), o militar também foi denunciado por crime de revolta militar em
tempo de Paz, o qual tem pena de oito a 20 anos de prisão. O Ministério
Público argumenta que ele participou ativamente do motim no 18º batalhão e
tinha o dever legal de tentar cessar o movimento.
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