O
Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional devem um pedido de desculpas a
Eduardo Cunha. Se Cunha tivesse recebido dos magistrados e dos parlamentares o
mesmo tratamento dispensado ao senador tucano Aécio Neves, não estaria trancado
numa cadeia de Curitiba. Continuaria desfrutando de sua imunidade parlamentar e
desfilando sua desfaçatez pelos corredores e gabinetes do Poder como se nada
tivesse sido descoberto sobre ele.
Há um e meio, quando era o todo-poderoso presidente da Câmara,
Eduardo Cunha teve o mandato suspenso. A providência, aprovada por unanimidade
no plenário do Supremo, marcou o início da derrocada de Cunha. Com Aécio, a
unanimidade da Suprema Corte deu lugar a uma maioria de 6 a 5 a favor do
entendimento de que sanções cautelares contra parlamentares têm de ser
referendadas pelo Legislativo.
Com o auxílio voluntário de Michel Temer e involuntário do
contribuinte, que teve seu dinheiro usado na compra de votos de senadores, o
Senado devolveu a Aécio o mandato que o Supremo havia congelado. A Câmara
também teria restituído o mandato a Cunha se tivesse sido chamada a opinar.
A
comparação ajuda a entender o tamanho do retrocesso que o caso Aécio
representa. Sem poder, Cunha foi empurrado para a cassação, o julgamento na
primeira instância e a cadeia. Com o poder restabelecido, Aécio continua
desfrutando da imunidade que o livra da tranca. É simples assim.
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