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sábado, 17 de junho de 2017

Joesley soa como virgem de Sodoma e Gomorra

De passagem pelo Brasil, o corruptor confesso Joesley Batista falou à revista Época. A tese da extorsão é cansativa e ofensiva. Ela cansa porque já foi usada à exaustão pelas empreiteiras pilhadas na Lava Jato. Ofende porque supõe que a plateia é feita de imbecis.

Na definição do dono da JBS, “Temer é o chefe de uma organização criminosa” que inclui Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Eliseu Padilha e Moreira Franco. “Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles.” Por quê? “Para não armarem alguma coisa contra mim.” Há, hã… O problema dessa formulação é que, guiando-se por autocritérios, Joesley participa do enredo da rapinagem no papel de um anjo cercado de demônios.

As asas angelicais do entrevistado abriram-se com maior entusiasmo no instante em que ele explicou por que pagava pelo silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, que estão atrás das grades. “Virei refém de dois presidiários. Combinei quando já estava claro que eles seriam presos, no ano passado. O Eduardo me pediu R$ 5 milhões. Disse que eu devia a ele. Não devia, mas como ia brigar com ele? Dez dias depois ele foi preso.”

O anjo prosseguiu: “Eu tinha perguntado para ele: ‘Se você for preso, quem é a pessoa que posso considerar seu mensageiro?’. Ele disse: ‘O Altair procura vocês. Qualquer outra pessoa não atenda’.  Passou um mês, veio o Altair. Meu Deus, como vou dar esse dinheiro para o cara que está preso? Aí o Altair disse que a família do Eduardo precisava e que ele estaria solto logo, logo. E que o dinheiro duraria até março deste ano. Fui pagando, em dinheiro vivo, ao longo de 2016. E eu sabia que, quando ele não saísse da cadeia, ia mandar recados.”

Até lá, convém a Joesley não diminuir sua importância como corruptor no maior esquema de rapinagem sob investigação no planeta. Do contrário, sua voz soará nos depoimentos e nas entrevistas como ladainha de uma virgem de Sodoma e Gomorra.


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