Após ser mantida desde os 20 anos em
condições insalubres num mesmo quarto, Maria Lúcia de Almeida Braga, agora com
36 anos, recomeça a ter uma vida em comunidade. Na Serra do Retiro, no
município de Uruburetama (a 127 km de Fortaleza), a casa onde agora é acolhida
não é tão distante daquela onde ficou isolada pela própria família.
Tem falado
mais nos últimos dias, dizendo “vou para casa” e se dirigindo ao novo lar, ou
repetindo palavrões que estava acostumada a ouvir. Aos poucos, vai retomando
hábitos que lhe foram privados, como usar o vaso sanitário e ir à calçada.
Desde a última sexta-feira, 24, Lúcia
está na casa de Maria de Fátima Araújo, de 56 anos. Na teoria, são só elas duas
na casa. Mas, durante o dia, os moradores do distrito de Retiro fazem visitas
constantes para ajudar com alimentos, lenha para o fogão ou para ficar com
Lúcia enquanto a cuidadora precisa sair. “A gente faz o que pode e o que está
ao nosso alcance. E a gente precisa ter muita paciência para cuidar dela. É
como uma criança”, comparou Maria de Fátima.
Antes, Lúcia estava em casa a poucos metros dali, com Teresa
Maria, 42, que trabalha como cuidadora de idosos. “O começo foi difícil. Ela
queria comer e ia colocar a mão dentro da panela de arroz sem saber que estava
quente”, relembra. Correr pelo interior da casa e deixar cascas de fruta no chão
também foram comportamentos dos primeiros dias. (O Povo)
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