Michel Temer e seus operadores haviam planejado uma semana triunfante na Câmara. O governo exibiria sua musculatura parlamentar aprovando, já na primeira semana após o recesso do Legislativo, a proposta de renegociação das dívidas dos Estados com a União. Deu tudo errado. Marcou-se para terça-feira da semana que vem uma nova tentativa de votar o projeto.
A semana começara com um café da manhã servido por Temer aos líderes partidários da Câmara. Nesse encontro, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) teve de fazer mais concessões do que gostaria ao espírito perdulário dos aliados do governo. A despeito disso, após dois dias de reuniões, o Planalto não conseguiu transformar sua suposta maioria em votos.
Registraram presença na Câmara cerca de 400 deputados. Para prevalecer no plenário, o governo precisava de 257 votos. Esbarrou sobretudo na resistência de sua infantaria em aceitar os limites que o projeto impõe aos reajustes salariais de servidores das administrações estaduais.
De tanto ceder, Temer ensinou uma lição aos parlamentares governistas. Eles aprenderam que, no atual governo, quem recorre à ameaça não perde por esperar. Ganha sempre. Há, de resto, um cheiro de Centrão na derrota do governo. Vencido por Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pela presidência da Câmara, o grupo parece interessado em mostrar com quantos ressentimentos se faz uma vingança. (Josias de Souza)
Nenhum comentário:
Postar um comentário