Três homens ficaram presos em uma penitenciária cearense por sete anos e meio por um crime que não cometeram. Nesta quarta-feira, 10, eles foram levados a júri popular e terminaram sendo absolvidos.
No período em que estiveram presos, suspeitos de cometer um homicídio, a Defensoria Pública do Ceará (DPCE) tentou soltá-los 11 vezes, por meio da solicitação de habeas corpus, mas todos os pedidos foram negados.
Eles devem deixar a penitenciária em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, nesta sexta-feira, 12, de acordo com informações do órgão estadual.
Para a defensora pública Fabiana
Diógenes, o caso é “extremamente revoltante” devido à falha estatal. “São
jovens que perderam toda a juventude no presídio. Foi uma coisa extremamente
traumática e que as famílias vinham acompanhando diariamente. Foram famílias
incansáveis. Nunca desistiram”, disse em matéria no site oficial do órgão.
“Obtivemos a absolvição dos assistidos, mas as consequências danosas dessa
prisão não poderão ser revertidas. São réus que perderam parte da vida em razão
da inércia do sistema de justiça”, acrescenta.
Um dos homens envolvidos na situação foi preso enquanto sua
companheira estava grávida de oito meses e tinha outro filho com menos de dois
anos. Em relato à DPCE, a mulher conta que achava que a situação seria
esclarecida de forma breve e o companheiro seria solto da prisão. “A gente
tinha certeza da inocência dele, mas foram acontecendo audiências e ele não
saía”, conta Elizabeth dos Santos, de 29 anos. Ela recorda que no início resolveu
não levar os filhos à penitenciária para visitar o pai, mas mudou de ideia
quando viu que a situação se estenderia.
A feirante Maria Gomes Santiago Matos, de 51 anos, também viveu momentos difíceis após a prisão do seu filho, na época com 21 anos. “Fiquei esse tempo todo pensando nele e preocupada. Pedia a Deus todo dia pra chegar ao final dessa luta, mas sempre confiei de que quando chegasse o dia ele seria inocentado. Sabia que ele ia sair com o nome limpo. Custou porque tinha que acontecer na hora certa”, celebra a mãe. Conforme a DPCE, todos os habeas corpus foram negados pela Justiça mesmo com os réus sendo primários e as prisões preventivas terem excedido prazos legais e aceitáveis. (O Povo)
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