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sábado, 23 de outubro de 2021

Centrão explode Posto Ipiranga e invade cofre

Na opinião de Bolsonaro, todo político em busca de reeleição é um ser perigoso. Numa em entrevista concedida à rádio Jovem Pan em abril de 2019, quando seu governo acabara de completar 100 dias, o capitão declarou que "a reeleição causou uma desgraça no Brasil", pois há prefeito, governador e até presidente que "se endivida, faz barbaridade, dá cambalhota, faz acordo com quem não interessa para conseguir apoio político." Soou categórico: "A reeleição é péssima no Brasil."

Decorridos dois anos e meio, Bolsonaro confirma sua profecia. Obcecado pela reeleição, o capitão entrou na fase da barbaridade e da cambalhota. Rendido aos caciques do centrão, o presidente utiliza a fome dos pobres como álibi para exterminar os últimos resquícios de responsabilidade fiscal. Paulo Guedes, cuja coluna vertebral já estava arqueada, acocorou-se. Os principais assessores do Ministério da Economia bateram em retirada.

Com o Tesouro em ruínas, Bolsonaro articulou com os coronéis do centrão uma megapedalada orçamentária que lhe permitirá gastar R$ 83 bilhões no ano eleitoral de 2022. Para chegar a essa cifra, despesas extraordinárias serão acomodados sobre uma laje acima do teto de gastos. E dívidas judiciais irrecorríveis serão enfiadas dentro do armário.

O governo poderia ter socorrido os famintos cortando o auxílio centrão (R$ 17 bilhões). Poderia ter passado na lâmina as isenções tributárias (R$ 371 bilhões). Bolsonaro optou pela cambalhota fiscal. Antes de ser formalizado, o reajuste do novo Bolsa Família é mastigado pela inflação resultante da barbaridade orçamentária.

Até outro dia, Guedes dizia que o teto de gastos era inegociável. Acusava de traidores os "ministros fura-teto". Agora, acha justificável a manobra legislativa que acomodou R$ 80 bilhões em despesas extraordinárias e eleitoreiras numa laje acima do teto.

Guedes alega que não se pode tirar nota dez em responsabilidade fiscal e deixar ao relento os brasileiros mais frágeis. Agarra-se aos R$ 400 do novo Bolsa Família como um álibi para a irresponsabilidade fiscal. Ninguém é contra o socorro. O que se questiona é por que o governo não financiou a política social cortando as emendas secretas do centrão. Ou podando incentivos fiscais bilionários.

Fritado pelo centrão com o aval de Bolsonaro, Guedes virou piada no momento em que optou por permanecer na gordura quente. Um ministro da Economia que trabalha com um olho nas contas públicas e outro no coronel do centrão que comanda a Casa Civil é receita certa para o desastre.

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