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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Base parlamentar de Bolsonaro está 'perneta', com derrotas em série

O Planalto recebeu sinais trocados do Congresso Nacional. Na Câmara, foi aprovado o texto principal da reforma do Imposto de Renda. Vitória expressiva do Planalto: 398 votos a favor, 77 contra.

 No Senado, foi rejeitada a medida provisória que instituía uma minirreforma trabalhista. Uma derrota com a qual o governo não contava. 

O resultado foi igualmente expressivo: 47 votos contra, 27 a favor. Houve uma abstenção. A vitória obtida na Câmara é parcial, pois o processo de votação ainda não acabou. A derrota do Senado é definitiva.

Arthur Lira, o presidente da Câmara, celebrou a aprovação da proposta sobre Imposto de Renda como uma vitória pessoal. Para destravar a votação, ele teve de costurar um acordo que envolveu partidos de oposição e os governadores. Reconheceu que o texto negociado não é o ideal, mas o possível. Está distante do que desejava o Ministério da Economia. Mas incluiu o que mais interessa a Bolsonaro: a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, um afago no eleitorado de classe média.

A medida provisória enterrada no Senado permitiu a redução de jornadas e salários durante a pandemia. Mas também serviu de carona para mudanças permanentes nas leis trabalhistas. Permitia, entre outras coisas, a abertura de postos de trabalho para jovens sem a necessidade de carteira assinada. Essa modalidade de inovação foi duramente criticada pelos senadores. O líder do governo, Fernando Bezerra, tentou negociar alterações no texto, o que provocaria a devolução à Câmara, cabendo aos deputados a palavra final. Não colou. E o governo viu desmoronar o que imaginava ser uma porta para a criação de empregos no ano eleitoral de 2022.

Juntando-se os dois resultados, verifica-se que a sustentação legislativa do Planalto está perneta. Quando consegue ficar em pé na Câmara, tropeça no Senado. O custo da governabilidade não é baixo: R$ 37 bilhões em emendas orçamentárias —sendo R$ 20 bilhões em emendas regulares e R$ 17 bilhões do orçamento secreto. Não fosse pelo bloqueio do impeachment, seria possível concluir que há mais toma lá do, que dá cá no relacionamento de Bolsonaro com o Congresso.

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