De passagem pela Bahia, Lula disse a uma emissora de rádio que tem acompanhado muito o noticiário. Concluiu o seguinte: "Tem alguns setores da imprensa que não querem que eu volte a ser candidato, porque se eu voltar vou regular os meios de comunicação deste país."
Em timbre queixoso, Lula contou: "Todo dia me perguntam: quando é que você vai fazer uma autocrítica? Tenho que fazer uma autocrítica. Nós não tratamos a regulação [da mídia] como deveria ser tratada.".
Ao discorrer sobre os limites
que desejaria impor à imprensa, Lula afirmou que não se inspira nos padrões
chineses ou cubanos. Declarou que deseja um modelo "tipo Inglaterra."
De repente, flertou com o
modelo venezuelano. "Eu vi como a imprensa na Venezuela destruía o [Hugo]
Chávez", afirmou. Em verdade, foi Chávez quem destruiu a imprensa depois
que o noticiário mostrou como a Venezuela estava sendo destruída pelo chavismo.
Os planos de regulação de Lula
são ambiciosos. Deseja estender o controle ao território livre da internet.
O lero-lero de Lula é de
grande utilidade. Primeiro porque revela que a nova candidatura presidencial de
Lula é uma coisa muito velha. Segundo porque realça a importância dos meios de
comunicação.
Numa democracia, o papel da
imprensa não é o de apoiar ou de se opor aos governos. Sua tarefa é a de levar
à opinião pública aquilo que tem interesse público.
Lula avalia que merece
desculpas da mídia. Interessa muito à plateia notar que o desapreço do
personagem pela imprensa é inútil, desonesto e paralisante.
É inútil porque as pessoas
conscientes não ignoram que o noticiário sobre Lula apenas informou que a
engrenagem que assaltou a Petrobras foi estruturada na sua gestão.
É desonesto porque
desconsidera que a imprensa não fez senão informar que o fiasco econômico da
Era petista foi produzido por uma criação de Lula: o mito da gerentona
impecável.
É paralisante porque o PT se
arrisca a não sair do lugar enquanto Lula não enxergar no espelho a imagem de
um cúmplice da conversão do partido numa máquina coletora de verbas de má
origem.
A lavagem da ficha de Lula na
lavanderia do Supremo Tribunal Federal não fez sumir os criminosos confessos
que delataram os crimes, as verbas sujas devolvidas ao erário, as provas dos
confortos bancados por empreiteiros companheiros.
A imprensa sem regulação serve
para recordar a Lula que memória fraca não se confunde com consciência limpa.
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