Num instante em que Bolsonaro acena para o eleitorado pobre do Nordeste com a criação do Auxílio Brasil, versão vitaminada do Bolsa Família, Lula iniciou uma peregrinação por seis dos nove estados nordestinos. Desembarcou em Pernambuco neste domingo.
Até o próximo dia dia 26 de agosto, passará também por Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. É a primeira caravana eleitoral de Lula desde que o Supremo Tribunal Federal lavou sua ficha suja, incluindo-o na sucessão de 2022 como principal adversário de Bolsonaro.
Pesquisa divulgada no mês
passado pelo Datafolha informou que Lula ainda é o candidato preferido de 64%
dos eleitores nordestinos. Bolsonaro ocupa uma longínqua segunda colocação, com
16% das intenções de voto. É mais do que os 7% atribuídos a Ciro Gomes, o
terceiro presidenciável na preferência dos nordestinos.
Em queda nas pesquisas,
Bolsonaro perde gradativamente um pedaço do eleitorado de classe média que
votou nele em 2018 para evitar a volta do PT ao poder. Com o eleitor
antipetista em fuga, o presidente opera para conquistar o eleitor de baixa
renda pelo bolso. Faz isso recorrendo a um arsenal petista.
Bolsonaro já havia trocado o
nome do programa Minha, Casa Minha Vida para Casa Verde e Amarela. Na semana
passada, mudou o nome do Bolsa Família, acenando com um aumento do benefício
médio de R$ 190 para R$ 300.
O PT detesta que se diga. Mas
o Bolsa Família tem DNA tucano. A lei que criou o programa anota que ele é
resultado da unificação de três iniciativas da gestão FHC: Bolsa Escola, Bolsa
Alimentação e Auxílio Gás. Bolsonaro, que chamava a iniciativa de
"cabresto" eleitoral do PT, decidiu rebatizar a coleira de Auxílio
Brasil.
É para evitar o êxito da
estratégia que Lula inicia pelo Nordeste sua campanha antecipada pelo terceiro
mandato. Interessa ao petismo acentuar a polarização com Bolsonaro. Na prática,
o capitão e o morubixaba do PT tornaram-se cabos eleitorais um do outro.

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