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sexta-feira, 16 de julho de 2021

Faltou falar mais alto o recuo da Saúde sobre uso da cloroquina no combate à Covid

 

Erros podem produzir desastres. A maneira como agimos depois de cometer os erros podem atenuar ou agravar a desgraça. Ainda não inventaram remédio mais eficaz no combate à culpa do que reconhecê-la.

 Finalmente, o Ministério da Saúde produziu uma nota técnica posicionando-se contra o uso de cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, invermectina e outras poções mágicas em pacientes hospitalizados com Covid.

O documento foi enviado à CPI da Pandemia. Nele, a pasta da Saúde anota que os remédios incluídos no chamado kit-Covid foram testados e não mostraram benefícios clínicos para pacientes infectados pelo coronavírus. O governo dá o braço a torcer com um atraso de mais de um ano, três ministros da Saúde e centenas de milhares de mortos por Covid. 

O mundo desembarcou do curandeirismo do tratamento precoce antes da chegada das vacinas. Mas o Brasil, acorrentado às obsessões de Bolsonaro, ainda escolhia uma beirada da Terra plana para saltar.

Faltou ao recuo do Ministério da Saúde um bumbo que soasse com o mesmo estardalhaço com que Bolsonaro tratou ciência como ficção científica. O presidente tornou-se garoto-propaganda das soluções cloroquínicas. Passou para o brasileiro a falsa impressão de que poderia desafiar o vírus, porque dispunha de tratamento. Converteu a cloroquina em política de saúde pública. 

Ordenou ao Exército que multiplicasse a produção do remédio em seu laboratório. Foram adquiridos insumos com sobrepreço de até 167%, constatou o TCU. Para complicar, o governo retardou a compra de vacinas. Deu no que está dando.

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