Um dia depois de o plenário do Supremo ter concluído o julgamento que grudou em Sergio Moro a pecha de juiz parcial, o ministro Gilmar Mendes estendeu a suspeição do caso do tríplex para outros dois processos: o do sítio de Atibaia e o do terreno que a Odebrecht deu de presente para servir de sede para o Instituto Lula.
A
essa altura, a fixação do STF por Moro só interessa a Lula, que ganhou uma
candidatura presidencial e uma pose de vítima para 2022. Os outros atores da
cleptocracia brasileira já viraram essa página. Para trás.
Condenados
como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha tentarão limpar suas fichas na
lavanderia do Supremo. Delatores como os executivos da Odebrecht reivindicarão
a devolução dos milhões que tiveram que restituir ao Tesouro quando confessaram
suas culpas, convertendo-se em colaboradores da Justiça.
Em
busca da impunidade perpétua, a turma do centrão prioriza duas tarefas. Numa,
legisla em causa própria. Abre brechas na Lei de Improbidade Administrativa.
Aprova regras que sujam a Lei da Ficha Limpa. Simultaneamente, o centrão cerca
o presidente, arrancando dele todas as vantagens que o déficit público pode
pagar.
O
Supremo já havia lavado a ficha de Lula ao se render à tese jurídica segundo a
qual os processos contra ele não deveriam ter sido julgados em Curitiba porque
envolviam uma roubalheira que não se limitava à Petrobras. Já estava decidido
que todas as culpas de Lula terão de ser julgadas novamente pela Justiça
Federal de Brasília.
Nesse
contexto, o reconhecimento da suspeição de Moro impõe que o novo julgamento
comece do zero absoluto. Algo que já estava assegurado no caso do tríplex. E
que Gilmar apressou-se em estender para os processos do sítio de Atibaia e do
terreno do Instituto Lula.
No
processo sobre o sítio, a sentença condenatória foi assinada pela juíza
Gabriela Hardt, não por Moro. Na encrenca do terreno, o veredicto ainda nem foi
emitido. Mas Gilmar sustenta que as digitais de Moro foram impressas nos autos
em fases anteriores à sua saída da 13º Vara Federal de Curitiba. Daí o envio de
tudo ao lixo.
Lula
não concorre apenas ao Planalto. Graças ao Supremo, tornou-se candidato também
à prescrição dos crimes que lhe foram atribuídos nos processos do tríplex e do
sítio: corrupção e lavagem de dinheiro. A prescrição não se confunde com a
inocência. O nome da mágica é outro: Impunidade.
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