No dia 17 de maio de 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças, fazendo com que a data ficasse conhecida como o Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.
Três décadas depois, o marco segue sendo celebrado como uma oportunidade de conscientização e um incendiador de debates acerca do respeito a diversidade sexual e de gênero.
Entre os
questionamentos discutidos, há aquele sobre o "preconceito velado",
caraterizado quando o indivíduo age de forma preconceituosa de uma maneira
"não explícita", as vezes sem ter dimensão do que está fazendo.
1: Quem
é o homem da relação?
Essa
pergunta geralmente é feita para casais homoafetivos compostos por duas
mulheres. A indagação, além de reforçar a ideia discriminatória de que o
relacionamento heterossexual é o único "aceitável", induz que uma
mulher só pode se sentir realizada amorosa e sexualmente estando com um homem.
Parece óbvio, mas é preciso lembrar que em um relacionamento entre
mulheres, há mulheres, somente.
2: "Você nem parece gay (ou
lésbica)"
Dizer que
alguém não parece "ser homossexual" é afirmar estereótipos que
existem sobre a comunidade LGBTQI+, como o de que toda lésbica veste
"roupas de homem" ou de que um homem gay "tem jeito
feminino". A verdade é que vestimentas ou trejeitos não
"classificam" sexualidade, assim como o oposto também é válido: a
orientação sexual não limita e nem define padrões.
4: "Que desperdício!"
A exclamação
geralmente é feita quando alguém se interessa por uma pessoa do sexo oposto e
descobre que ela é homossexual. Mesmo se realizada "em forma de
brincadeira", sem "intenção de machucar", a fala é
preconceituosa por induzir que uma pessoa LGBTQI+ "desperdiçou" a
sexualidade.
5: "Quem fica com homem e
mulher é indeciso (a)"
Há um forte
estigma de que pessoas bissexuais são "confusas" e
"indecisas" por se envolverem emocional e sexualmente com gêneros
opostos. Frases como essa invalidam a própria bissexualidade, que
caracteriza o indivíduo que sente atração por dois sexos. A verdade é que
não há confusão ou indecisão alguma em se sentir atraído por mais de um
gênero.
6: "Não sou preconceituoso, até
tenho um amigo gay"
O fato de
ter um amigo gay não livra ninguém de ser preconceituoso. Além disso, quando se
usa essa frase parece que está "sendo um favor" ser amigo de alguém
que é homossexual. Afinal, ninguém sai por ai dizendo que tem "um amigo
heterossexual", né?
Cinco
frases transfóbicas
1. "Você é tão bonito/bonita,
nem parece trans"
A
problemática nessa fala é que induz ao pensamento de que pessoas transexuais
"não podem" ser bonitas. Esse tipo de frase é reproduzida devido
ao padrão de beleza ter sido fundamentado em pessoas cisgêneras (aquelas
cuja anatomia, sexo e biologia são alinhados com o gênero ao qual se
identifica), como se pessoas trans precisassem "parecer
cis" para serem bonitas.
2. "Me senti enganado/a"
É bem
comum associarem pessoas trans a uma "enganação", como se elas
existissem tão somente pra "fingir ser algo que não são".
3. "Mas vc nasceu homem",
"corpo biologicamente masculino"
Se eu sou
mulher, meu corpo é biologicamente feminino. A própria ideia de "corpo
biológico" é uma construção social. Existem corpos com úteros, ovários e
vagina, corpos com pênis e testículos, e uma infinidade de pessoas intersexo
(que podem ter algumas características e órgãos de um sistema reprodutivo e
outras de outros), então a mera separação entre "masculino" e
"feminino" na biologia é algo bem tênue e não pode ser usado como
definição.
4. "Sempre quis ficar com uma
pessoa trans"
Essa parece
elogio e até cantada, mas é meramente fetichização. Pessoas trans existem
como seres humanos, pagam contas, trabalham, dormem, comem, se divertem,
amam... não são objetos para satisfazer a curiosidade de ninguém.
5. "Mas qual seu nome de
verdade?"
Outra coisa
muito comum é a questão do nome morto, que é o nome que registraram no nosso
nascimento. algumas pessoas trans decidem que não querem mudar, e tá tudo bem
com isso, mas quem quer mudar tem o direito de deixar aquele nome antigo para
trás na vida, como diz a própria expressão: nome morto. (Jornal O Povo)
Com
a colaboração da repórter Bemfica Oliver
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