O juiz eleitoral da 28ª Zona Eleitoral do Ceará, Giacumuzaccara Leite Campos, decidiu nesta sexta-feira, 30, pela cassação dos diplomas do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), e de seu vice, Giovanni Sampaio (PSD), por abuso de poder econômico na eleição de 2020. Com isso, os gestores podem perder o mandato.
Na decisão,
o juiz constatou o uso irregular de um helicóptero – que pertenceria ao
empresário Gilmar Bender (PDT), aliado dos então candidatos – durante uma
carreata da campanha de Glêdson realizada às vésperas das eleições. No evento,
a aeronave teria inclusive despejado uma “chuva” de papel picado, que foi
transmitida nas redes sociais.
Na decisão,
o juiz afirma que, apesar de ter trazido aos candidatos "grande benefício,
a ponto de tornar injusta e desproporcional a propaganda eleitoral", o uso
do helicóptero não aparece na declaração de despesas de campanha de Glêdson e
Giovanni. Neste sentido, ele destaca o alto custo com combustível para manter
um sobrevoo longo do tipo.
“Não
há como extrair outra conclusão senão o fato de que os impugnados, em especial
o candidato Glêdson Bezerra, eram concordantes com a prática laborada por seu
principal apoiador e financiador de campanha, Gilmar Luiz Bender, quanto a
utilização do helicóptero, em benefício de sua ‘mega carreata’”, destaca o
juiz.
“Até porque
em nenhum momento se mostrou surpreso ou contrário ou mesmo tratou de tornar
público que tal conduta não teve sua anuência, ao contrário, fez foi ostentar
grau de orgulho pelas proporções que o evento atingiu”, continua. Na denúncia
que motivou a ação, movida por integrantes da chapa do adversário de Glêdson na
eleição, Arnon Bezerra (PTB), gastos poderiam chegar a R$ 70 mil.
Empresário
que há vários anos tentava se viabilizar para a disputa pela Prefeitura de
Juazeiro, Gilmar Bender chegou a se lançar pré-candidato ao cargo pelo
PDT, no ano passado. Na época, no entanto, a indicação sofreu resistência de
grupo do PDT e da base do governo Camilo Santana (PT), que pregava apoio à
reeleição de Arnon Bezerra. "Escanteado" na disputa, Gilmar virou um
dos principais apoiadores da candidatura de Glêdson Bezerra, realizando doações
em R$ 255 mil para os candidatos.
A cassação é
novo episódio em meio ao início de ano turbulento da gestão Glêdson Bezerra em
Juazeiro do Norte. Em apenas quatro meses de governo, o prefeito já responde a
três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) e um processo de cassação
instalados pelo Legislativo do município. Ações envolvem acusações
diversas, desde nepotismo, contratações irregulares a até “fura-filas” na
vacinação contra Covid-19.
O POVO
entrou em contato com a assessoria de imprensa de Juazeiro do Norte para ouvir
o prefeito sobre a decisão do juiz da 28ª Zona Eleitoral. Até o presente
momento, no entanto, não houve resposta da gestão municipal. Como a decisão foi
emitida apenas pela primeira instância, eles ainda podem recorrer no caso.
Sobre as
denúncias levantadas pela Câmara Municipal, Glêdson Bezerra classificou o
movimento como “natural do Legislativo”, mas apontou aspecto “político” das
denúncias. “A Câmara dos vereadores é uma casa política e, naturalmente, eles
são movidos por emoções. Nós temos divergências claras com alguns parlamentares
e, por conta disso, resolveram abrir três CPIs”.
Glêdson
Bezerra também rebate as acusações, se dizendo “tranquilo” com o cumprimento da
lei nos casos. Eleito pela oposição ao então prefeito Arnon Bezerra em 2020,
Glêdson possui base diminuta no Legislativo. Na eleição, coligação dele elegeu
apenas dois dos 21 parlamentares, com vereadores ligados ao candidato derrotado
mantendo maioria.
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