O Capitão está à procura de um partido. Sua movimentação tem uma aparência de volta às origens. Eleito como defensor do presidencialismo sem coalizão, Bolsonaro tinha no PSL o seu esteio. A legenda possuía uma bancada nanica de três deputados federais. Saiu da eleição de 2018 com mais de 50 poltronas na Câmara.
Imaginou-se que Bolsonaro equiparia o partido para obter nas eleições de 2020 uma máquina municipal que pavimentaria sua campanha à reeleição. Ele fez tudo ao contrário.
Bolsonaro brigou com o PSL para criar o seu próprio partido. Jogou pela janela uma legenda com 53 deputados e uma caixa registradora de R$ 359 milhões, somando os fundos partidário e eleitoral. O presidente não conseguiu tirar a sua legenda do papel. Ficou sem partido e sem dinheiro.
Foi à disputa municipal como um franco-atirador. Errou a maioria dos alvos. Saiu do processo eleitoral menor. Ficou entendido que aquele eleitorado que queria chutar o balde em 2018 agora está à procura de alguma estabilidade.
Intimado pela conjuntura a se reposicionar em cena, Bolsonaro se aproxima da segunda metade do seu governo à procura de um partido. A lógica restringe a margem de manobra do presidente. Ele está diante de uma bifurcação. Ou volta para o PSL ou senta praça numa das legendas do centrão.
Bolsonaro já passou por nove partidos. Ficou mais tempo no PP, epicentro do centrão. A despeito disso, demonizou o grupo na campanha presidencial. Impossível enxergar racionalidade no vaivém de Bolsonaro.
Em 2018, havia no projeto presidencial de Bolsonaro uma teatralização do novo. A bordo do seu sétimo mandato parlamentar, o candidato apresentou-se como uma fulgurante novidade, única alternativa radical contra os maus costumes. Fez pose de candidato antissistema. Mantido o ritmo atual, chegará a 2022 sem maquiagem, no colo do centrão, com a imagem da família bem rachadinha. O eleitorado verá que, no Brasil, o novo na política é uma coisa muito antiga.
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