Com a insanidade em
alta, a economia em baixa, o Congresso em pé de guerra, o vírus e o desemprego
à solta, o Poder brasiliense parece ter perdido o chão. Sob a presidência de
uma caricatura, Brasília vive uma rotina de desenho animado. Nos desenhos,
quando acaba o chão, os personagens continuam caminhando no vazio. Só despencam
quando olham para baixo e se dão conta de que estão pisando em nada. No
momento, as autoridades de Brasília evitam olhar para baixo.
O ministro das queimadas especializou-se em atear focos de incêndio nas redes sociais. Primeiro chamou de Maria Fofoca o general da coordenação política. Nada aconteceu, pois a humilhação de militares virou o novo normal depois que o general paraquedista da Saúde foi desautorizado pelo capitão do Planalto. Impune, o piromaníaco do Twitter contra-atacou o presidente da Câmara, chamando-o de Nhonho. Não fui eu, disse o incendiário depois de ter sido lembrado de que o gordinho de seriado infantil controla a pauta da Câmara.
Abatido,
o general Maria Fofoca perdeu o controle sobre o centrão. Desgovernado, o grupo
que deveria socorrer o Planalto no Legislativo promove uma desavença que trava o
funcionamento da Comissão de Orçamento. E o governo convive com o risco de
entrar em 2021 sem Orçamento. O xerife do Banco Central procura o Nhonho para
avisar que a política está envenenando
a economia. Foi alertado de que o
problema está no Planalto, não na Câmara. Quem vazou a conversa?, perguntam-se
todos, esquecendo-se do essencial: o teor do
diálogo.
O ministro das queimadas continua com o fósforo na mão, o general Maria Fofoca finge ser coordenador, o centrão prepara novos botes, o gordinho da Câmara avisa ao Posto Ipiranga que lavou as mãos. E a caricatura do Planalto continua caminhando sobre o vazio. Não estranha nada, não permite que lhe façam perguntas. As autoridades de Brasília evitam olhar para baixo. O que não é difícil, porque na Capital toda autoridade tem o nariz empinado, não importa o tamanho do abismo que está sob os seus pés.
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