Hoje politicamente e culturalmente
forte, o Ceará teve o início de sua história marcado pela subordinação e
obediência à potência de Pernambuco. Ligados institucionalmente pela Coroa Portuguesa,
ambos os estados ainda eram tratados como capitanias hereditárias.
Mas como o
desabrochar de uma flor, os rumos cearenses foram contornados, ganhando novo
horizonte: o europeu. Em 1799, com olhares voltados para a Revolução Industrial
na Inglaterra, o Siará comemorou sua emancipação, a qual é celebrada nesta
quinta-feira, 17, 220 anos depois.
As amarras institucionais que ligava
Ceará a Pernambuco perduraram por 119 anos. A partir de 1680, tudo o que era
produzido na Terra da Luz deveria obrigatoriamente passar pela capitania
pernambucana antes de ser exportada, aumentando assim o frete, o tempo de
distribuição e os impostos embutidos. A responsável pela mudança de patamar da
capitania do Siará foi a Rainha Maria I, que em 17 de janeiro de 1799 decidiu
pela emancipação. A integrante da família real depois passaria a ser apelidada
de "a Piedosa" e de "a Louca", dando origem à famosa
expressão “Maria vai com as outras”, após ser declarada mentalmente incapaz e
só sair à rua na companhia de suas damas.
O que motivou Maria a tal decisão foi
a confluência de dois importantes fatores. Primeiro, com o declínio da pecuária
no Ceará, a produção do algodão despontou. A relevância do produto foi tamanha
que, à época, passou a ser chamado de “ouro branco”, o qual conseguiu mexer nas
estruturas econômicas do Estado. Tanto é que a capital foi transferida de
Aquiraz para Fortaleza, até então, vila considerada o centro político da
região.
A produção no período era voltada
quase exclusivamente para Europa, que vivia as agitações da Revolução
Industrial, sendo esse o segundo fator que influenciou a rainha. O levante
europeu, concentrado na Inglaterra, impulsionou assim a fabricação de tecidos,
o que demandou de algodão em larga escala. Desta forma, o Ceará conseguiu
libertar-se do domínio pernambucano ao passo que pôde se favorecer de comércio
lucrativo com os ingleses.
Para o professor e historiador Airton
de Farias, “não há como pensar o Ceará, sem falar do algodão”. Assista vídeo
comentado e apresentado pelo docente, autor dos livros a "História do
Ceará" e "História da sociedade cearense". Airton também
escreveu "Canoa Doida", "Senador Alencar", "Fortaleza:
Uma Breve História", sob edição da Livraria Dummar.
Dia do Ceará
Em 2004, lei estadual determinou que
fosse celebrado o Dia do Ceará em 17 de janeiro. Para comemorar a data este
ano, o Governo do Estado realiza programação especial para esta quinta-feira em
Aquiraz – a primeira capital cearense –, começando a partir das 16h30min na
Praça Matriz.
Comemoração
de 221 anos nesta sexta-feira
O
evento em celebração ao Dia do Ceará será realizado por meio da Secretaria da
Cultura (Secult) e da Prefeitura Municipal de Aquiraz. A programação inclui
apresentação do espetáculo "Tita e Nic", da Cia Cearense de
Molecagem, a partir das 17h30min, no Teatro Tapera das Artes, além de show com
Davi Valente na Praça da Cultura, com início marcado para as 19 horas.
Em
Fortaleza, o Theatro José de Alencar (TJA) irá receber visitas guiadas, entre
as 9h e as 17h. A partir das 17 horas, Luís Pedrosa apresenta o espetáculo
"Natureza Humana", e, às 19 horas, o grupo Cambada de Teatro
apresenta o espetáculo "Até o homem mais justo cai 7 vezes ao dia". O
encerramento da programação acontece com o show "Do Mestre ao
Discípulo", com o Grupo Murmurando e Adelson Viana, às 19h30min.
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