Em matéria de princípios democráticos, Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos, o Cabo Daciolo, presidenciável do partido Patriota, é um fiel discípulo do general Hamilton Mourão, candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro. Em setembro do ano passado, Daciolo ecoou nas redes sociais e na tribuna da Câmara a pregação de Mourão em favor de uma “intervenção militar” caso o Judiciário brasileiro não resolva o problema da corrupção. (Confira no vídeo acima).
O cabo do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro valeu-se de prerrogativa de deputado federal para pregar, do alto da tribuna da Câmara, o fechamento do Congresso. Evangélico, Daciolo discursou como se falasse desde um púlpito de igreja. Misturou a defesa de uma “intervenção das Forças Armadas” a uma pregação contra homossexuais, alcoólatras e adúlteros. Não vão para o céu, sentenciou. Também não entrarão no Reino do Senhor os ladrões e os corruptos, acrescentou.
Um deputado federal que discursa na Câmara a favor do fechamento do Legislativo é como um peixe que reza pelo envio de uma estiagem capaz de secar todos os rios.
“A democracia é uma delícia… Mas ela tem certos custos”, disse Ciro Gomes, o candidato do PDT, ao ser submetido a uma pergunta sem pé nem cabeça que Daciolo lhe endereçou no debate da Bandeirantes, na noite da última quinta-feira. Por sorte, a via democrática é de mão dupla. Um candidato como o Cabo Daciolo tem todo o direito de ser ouvido. Mas isso não inclui o direito de ser levado a sério. O eleitor tem o poder de desligá-lo da tomada. Para honra e glória do Senhor Jesus.
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