A
necessidade é a mãe da criatividade. Em plena era digital, Lula reinventou a
carta. Virou candidato por correspondência. Atribuiu nova serventia aos
advogados. Os doutores ainda não conseguiram livrá-lo da cadeia. Mas possuem
ótima caligrafia. Lula só não conseguiu renovar o discurso. Mas seus devotos
não se importam.
Neste 1º de Maio, Gleisi Hoffmann leu mais uma carta de Lula. Deu-se no encerramento do ato que reuniu em Curitiba
as principais centrais sindicais do país. Comparou os tempos bicudos
da era Michel Temer —“O desemprego cresce e humilha”— à pujança de sua época
—“Vocês se lembram da prosperidade do Brasil naqueles tempos…” “Sabemos que esse Brasil é possível. Mais do que isso, já vivemos nesse Brasil
há muito pouco tempo atrás”.
Tomado pelos termos da carta, Lula deve ter sido picado na cela
especial de Curitiba pelo mosquito que transmite uma febre causadora de
amnésia. O sumiço da memória apagou da carta do presidiário petista a
companheira Dilma Rousseff.
A gestão de Temer revela-se perversa. Mas a ruína econômica que
espalhou desemprego e desesperança é consequência direta do desastre gerencial
produzido por Dilma —um poste que Lula elegeu e que teve Gleisi como uma
cultuada chefe da Casa Civil.
A correspondência do cárcere ataca Temer da boca para fora. No
íntimo, o missivista agradece aos “golpistas”. Depois de fazer a sucessora duas
vezes, Lula estava sendo desfeito por ela. Sem o impeachment, não haveria um
Michel Temer para chutar.
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