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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Esperteza de Cunha foi tanta que comeu o dono

É preciso fazer justiça a Eduardo Cunha: mais cedo ou mais tarde, o deputado acaba correspondendo aos que não têm nenhum motivo para acreditar nele. Há seis meses, esteve na CPI da Petrobras sem ser chamado. Foi prestar um “depoimento espontâneo”. Perguntaram-lhe se tinha conta na Suíça ou em paraísos fiscais. E foi por livre e espontânea vontade que Cunha respondeu:
— Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu Imposto de Renda. E não recebi qualquer vantagem ilícita ou qualquer vantagem com relação a qualquer natureza vinda desse processo.
Hoje, submetido à mesma indagação, Cunha recomenda aos curiosos que procurem o seu advogado. Reage assim porque conhece as normas da Casa que dirige. Sabe que a mentira e a omissão de patrimônio constituem quebra de decoro parlamentar. Algo que pode levar à cassação do mandato.
Deve-se à Promotoria da Suíça o sumiço da valentia de Cunha. O deputado perdeu a língua depois que a Procuradoria-Geral da República confirmou ter recebido das autoridades suíças dados sobre contas secretas que têm o presidente da Câmara e familiares dele como beneficiários. São bem fornidas. Armazenam algo como US$ 5 milhões, já devidamente retidos.
A autoridade de Eduardo Cunha, que já era de vidro, se quebrou. Ao converter uma CPI de fancaria em palco do seu “depoimento espontâneo”, o morubixaba da Câmara esqueceu de observar um velho ensinamento atribuído a Tancredo Neves: “A esperteza, quando é muita, engole o dono.” Até aqui, a banda muda da Câmara passava por cúmplice. Agora, passa também por otária.(Josias de Souza)

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