A articulação suprapartidária pelo afastamento de Dilma Rousseff, que era embrionária até a semana passada, ganhou consistência nos últimos dias. Em conversas ainda mantidas nos subterrâneos, os partidários do impeachment começaram a contar votos. Estima-se que 34 deputados federais do PMDB já se dispõem a votar a favor da abertura de um processo para tentar encurtar o mandato da presidente da República. Isso corresponde a 50,7% das 67 cadeiras que o partido do vice-presidente Michel Temer mantém na Câmara.
Duas novidades potencializaram os movimentos do grupo pró-impeachment: 1) depois de refugar um apelo de Dilma para retornar à articulação política do governo, Temer avalizou, por assim dizer, o entendimento dos governistas insatisfeitos com a oposição; 2) o presidente do PSDB, Aécio Neves, que relutava em apostar no impeachment como saída para a crise, já não se mostra avesso às conversas. Por meio de interlocutores, Aécio e Temer se aproximam. Discute-se a conveniência de um encontro entre os dois.
Na noite desta quinta-feira, após presidir uma operação ‘fica, Levy’, Dilma jantou com Lula no Palácio da Alvorada. Na conversa com a criatura, o criador revelou-se preocupado com o distanciamento de Temer e do PMDB. Recomendou a Dilma que redobrasse os esforços para manter do seu lado o vice e o partido dele. Simultaneamente, num encontro com empresários em São Paulo, Temer fazia comentários aziagos.
Coisas assim: “Hoje, realmente, o índice [de aprovação do governo] é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo. […] Se continuar assim, eu vou dizer a você, 7%, 8% de popularidade, de fato, fica difícil.'' (Blog do Josias)
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