Água por voto. A antiga
prática de trocar um direito básico por apoio político permanece viva no sertão
do Piauí. No Sul do Estado, onde estão concentrados os municípios mais
castigados pela estiagem, há relatos de uso eleitoreiro dos carros-pipa mobilizados
para abastecer a região.
A corrupção acontece em dois níveis.
Políticos alteram a rota de abastecimento das comunidades rurais, beneficiando
eleitores e bases políticas a serem conquistadas. Também acontece dos
"pipeiros" - como são conhecidos os motoristas dos carros -
comercializarem o produto que deveria ser distribuído gratuitamente.
A
indústria da seca gera bons lucros: 7 mil litros de água custam aproximadamente
R$ 500 na região. Por um tanque com 1 mil litros do líquido são cobrados R$ 70.
"Minha mãe comprou uma pipa de 1 mil litros por R$ 70 um dia desses, pois
faltou água na nossa casa", informa Erico Ribeiro, morador de São Raimundo
Nonato. É o jovem que denuncia: "O que mais se fala aqui na região é na
venda de água 'por baixo dos panos'."
Todos os municípios compreendidos no
território da macrorregião "Serra da Capivara" decretaram emergência
em decorrência da seca que assola o Piauí. As prefeituras recebem ajuda da
Defesa Civil do Estado para abastecer as comunidades mais afetadas pela falta
de chuvas. A Defesa Civil Nacional já reconheceu o estado de emergência em 120
dos 224 municípios piauienses.
Fonte: FM Imperial
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