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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Detenta ganha o direito de cursar História na UFC


Embora tenha sido condenada a 25 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, a detenta Cynthia Corvello, 40, que cumpre pena no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa há quase três anos, fez questão de apagar a palavra "condenação" de seu dicionário.

Neste ano, como noticiou a imprensa cearense, a paulista Cynthia conseguiu ingressar no curso de História da Universidade Federal do Ceará (UFC) por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Porém, como cumpre pena em regime fechado, o impasse surgiu. Ela poderia ou não frequentar a Universidade?

Contribuição social
Ontem pela manhã, a resposta veio. A juíza da 2ª Vara de Execuções Penais do Fórum Clóvis Beviláqua, Luciana Teixeira de Souza, atendeu ao pedido ajuizado pela Defensoria Pública do Estado do Ceará. Cynthia poderá, sim, estudar História.

Na decisão inédita, pelo menos no Ceará, a magistrada destacou a exemplar conduta carcerária e o mérito individual da detenta, ressaltando que a contribuição à sociedade será muito maior se concedido o direito ao estudo à detenta. No presídio, Cynthia coordena a biblioteca, faz parte de um projeto de incentivo à leitura e ainda arranja tempo para reger o coral. Na UFC, as aulas começam nesta segunda e Cynthia precisará de forças para vencer os preconceitos, que já começaram a aparecer nas redes sociais.

Educação para ressocializar
"O sistema prisional tem duas funções. A primeira é de restringir a liberdade, tirar o direito dos detentos de ir e vir. A segunda é de contribuir para que essas pessoas voltem ao convívio social", ressalta a secretária da Justiça e Cidadania, Mariana Lobo.

Ela lembra que, no Brasil, 50% dos detentos que cumprem a pena, e não recebem nenhum trabalho de ressocialização, voltam a delinquir. Por outro lado, a secretária informa que 80% dos que passam por um processo de ressocialização não voltam a cometer crimes. "Investir na educação dos detentos, por exemplo, é fundamental, pois a educação é uma janela para a recuperação", afirma a secretária.

Diário do Nordeste

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