A
biografia de Lula, já crivada de surpresas e contradições, ganhou na madrugada
deste domingo (19) o adorno de um novo paradoxo. Numa celebração mundana, a
figura mitológica de Lula foi sacralizada.
O Carnaval, como se sabe, é embalado pelos atributos do
Tinhoso: mutações de personalidade, dissimulações, desvario… É nessa época do
ano que as pessoas entregam-se a um vale-tudo consentido.
Homem vira
mulher, mendigo vira imperador, paulista vira baiana, branco vira índio. Lula
já tinha virado mito. No desfile da Gaviões da Fiel, a figura mitológica foi
como que canonizada. Lula ganhou halo de santo.
“Verás que um filho teu não foge à luta –
Lula, o retrato de uma nação”, eis o mote do enredo da escola. A trajetória do
sertanejo retirante que chegou à Presidência foi equiparada à de milhares de
brasileiros que vencem na vida pelo esforço pessoal.
A homenagem
chega num instante em que Lula, submetido ao martírio do tratamento contra o
câncer, já estava envolto em atmosfera de comoção. A doença potencializou a
proximidade com os brasileiros que o veneram.
Reforçaram-se os elos de afeto que ligam o ex-presidente
poderoso, agora fragilizado pela doença, ao homem comum, representados na
avenida pelos 3.600 integrantes da Gaviões.
Josias de Souza
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