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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Supremo concede prisão domiciliar a Paulo Maluf

O problema não é soltar Maluf agora, mas não ter passado o personagem na tranca no tempo em que Kakay, seu advogado, descia ao asfalto para bater bumbo por sua punição. Nessa época, Maluf era uma espécie de corrupto oficial do Brasil, capaz de absolver pelo contraste todo o resto da bandidagem. Hoje, Maluf parece um amador perto dos larápios fisgados na Lava Jato —alguns como reincidentes do mensalão.
Maluf foi condenado por desviar verbas na obra da Avenida Águas Espraiadas. Coisa ocorrida há mais de duas décadas, quando era prefeito de São Paulo. Foi denunciado por cinco atos de lavagem de dinheiro. Escondeu a grana malufada em contas no exteriror. Quatro imputações prescreveram. Apenas uma continuava viva, porque um pedaço do tesouro, escondido em 1997, foi descoberto em 2006 —e continuava matematicamente passível de punição.
Graças à infinidade de recursos que o sistema processual oferece aos réus, o processo envelheceu junto com Maluf. Como nem tudo prescreveu, Maluf é submetido, em idade avançadíssima, a uma condenação que deveria ter amargado na ocasião em que seu advogado era um estudante que subia no caixote para atacá-lo. Preferiu protelar. Agora, Maluf paga honorários ao ex-estudante para demonstrar ao Supremo que está muito velho para cumprir pena.
Não é que o crime não compensa. A questão é que, quando ele compensa, muda de nome. Passa a se chamar Paulo Maluf. No momento, uma legião de malufes se esforça para derrubar no Supremo a jurisprudência que permite a prisão de condenados na segunda instância.

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